sábado, 1 de maio de 2010

A cara do novo jornalismo

As mudanças na área impressa não se simplificam ao currículo acadêmico, hoje a rapidez em que as notícias fluem gera jornalistas com um grande diferencial: capacidade de formar opinião.

Josiane Borges é parte da nova remessa de jornalistas brasilienses. Formada e atuando na área há pouco mais de dois anos, ela não viveu a insegurança da não-obrigatoriedade do diploma ao finalizar sua graduação, mas é membro altamente presente nessa nova fase do jornalismo. A entrevista que você vai ler resumiu em cinco, cerca de quinze outras perguntas, entretanto sintetiza algumas das dúvidas mais pertinentes dos jovens profissionais e formandos da área. É o novo jornalismo, falando, analisando e fazendo o novo jornalismo.

Foco & Focas - Quais características da profissão te levaram a crer que era nessa área do mercado de trabalho que queria atuar?

Josiane - Na verdade essa não foi a minha primeira opção de faculdade, nunca tinha me imaginado sendo jornalista. Entrei no curso de Publicidade e Propaganda e posteriormente me transferi para o jornalismo. Diversas características positivas na profissão me levaram a me apaixonar pela área, entre elas o aprimoramento do senso crítico, que a profissão exige do profissional para fazer e escrever matérias com algum diferencial. O imediatismo do dia-a-dia da redação que não te cria uma rotina, pois você é movido pelos acontecemos exteriores. E além, claro da nossa função principal de trazer os fatos para a população de maneira mais clara e objetiva possível.

Foco & Focas - Para ser um bom jornalista é mais importante ter talento e visão ampla e crítica dos fatos ou apenas conhecimento e bons contatos/ fontes?

Josiane - Acredito na junção desses dois fatores com o decorrer da profissão. Mas claro que o talento para nós jornalistas recém–formados é importante assim como a visão critica dos fatos, pois entramos realmente sem fontes, elas vão ser criadas no exercício da função.

Foco & Focas - A maior função do profissional em Jornalismo é transmitir para a população o conhecimento de causas que permaneceriam ocultas àqueles que não têm acesso a certa parcela privilegiada da população. Acredita que nos dias de hoje os jornalistas ainda fazem jus a essa visão romântica atribuída a seus deveres de profissional?

Josiane - Sinceramente não acredito mais nessa visão de maneira integral, atualmente os jornalistas são muito amarrados pelo veículo em que trabalham isso pode ser visto de maneira clara, pela cobertura que foi dada no início do escândalo do tão falado mensalão do DEM, em que a impressa do DF, principalmente os jornais impressos trataram o fato como um assunto de pouca importância, noticiando de maneira discreta, o que só mudou um pouco após a percepção de que os jornais de circulação nacional, como o Folha de S.Paulo, noticiavam o assunto em suas páginas principais.

Foco & Focas - De acordo com sua experiência profissional, o mercado de trabalho para jovens profissionais em Brasília é promissor ou as metrópoles que sediam as maiores empresas de comunicação do Brasil ainda são os melhores caminhos para a ascensão no mercado?

Josiane - O jornalismo em Brasília cresceu muito e tem aberto muitas vagas de trabalho. A cada dia pequenos jornais vão surgindo nas cidades satélites, o que é uma boa opção para início de carreira também, claro que não pode ser comparado com o mercado de trabalho de São Paulo, por exemplo, em que as vagas estão abertas diariamente. Mas de acordo com a minha experiência vaga há, basta saber se colocar no mercado.

Foco & Focas - Ouve-se muito falar em impessoalidade. Acredita que é possível existir impessoalidade no jornalismo?

Josiane - A impessoalidade já não é tão importante em algumas matérias atualmente, as pessoas querem saber como aconteceu e nada melhor do que o repórter retratar de maneira presente e pessoal alguns assuntos.

Outros ainda exigem impessoalidade, o que é importante, porque você como profissional está lá para retratar o que está acontecendo e não para dar sua opinião sobre os fatos, isso não compete a nós. Então atualmente deve se basear e saber diferenciar os fatos que podem ser apresentados de uma maneira descontraída deixando um pouco da impessoalidade de lado.

Por Thaysa Oliveira

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