A informação, a cybernética e suas consequências no século XXI
Segundo a filosofia escolástica virtual é o que existe em potencia, não em ato, logo, é errôneo interligar o virtual a idéia de material não tangível. O ato de virtualizar a informação em seu sentido literal consiste em redefinir as particularidades do contexto informativo, em ocupar um espaço predeterminado para memória digital do conteúdo a ser repassado e absorvido. Nasce ai a cybercultura que consiste em nada mais do que a relação entre as tecnologias modernas e a evolução do meio informativo.
A maior característica da cybercultura é o dinamismo das informações, que se modificam e são transmitidas de forma ilimitada para todo e qualquer individuo que tenha interesse. Ou até mesmo para aqueles que não buscam determinadas informações, visto que sua transmição simultânea e sem barreiras atinge a população estimulando o conhecimento coletivo.
A informação virtual leva aos indivíduos o poder individual de interpretar o que lê ao mesmo tempo em que gera a capacidade de acesso coletivo e instantâneo de conteúdos postados na WEB. Isso resulta numa via de dois pólos convergentes que juntos causam efeitos em alta escala. Ou seja, atinge individualmente porem geram efeitos em massa.
A instabilidade do conhecimento cybernetico causa não apenas nos profissionais da área, mas também nos leitores, em seu publico alvo uma necessidade de mutação para adaptação aos novos percursos traçados pela tecnologia da informação. É necessária hoje uma adaptação dos indivíduos aos mecanismos de informação, e exige-se quase uma obrigatoriedade de aceitação aos espaços abertos, não-lineares e fluxos da informação virtualizada.
A virtualidade trouxe a tona uma questão muito considerada entre os estudiosos e altamente presente no livro de Pierre Lèvy, “O que é virtual?”, a linha frágil entre o real e o não-real. Como dito anteriormente, o virtual é real em potencia, logo, deduz-se que tudo o que não é palpável, porém tem poder de mudança na vida individual ou coletiva da sociedade torna-se real, pois os resultados são visíveis e sentidos.
A informação cybernetica, a ampliação dos sites, portais e blogs de caráter informativo exemplifica essa questão, já que o crescimento deste meio pode ser uma conseqüência da sua alta utilização.
Um meio que leva informação indiscriminada e ilimitada certamente não pode ser resumido a palavra virtual, pois hoje a possibilidade de conhecimento é de livre acesso, não se vê mais necessário um deslocamento ou busca cansativa de informações e variadas fontes, tudo se resume a um computador conectado a internet e seleção de fontes seguras online.
Toda essa facilidade é não mais do que a realização da inteligência coletiva. O acesso indiscriminado a informação capacita toda a massa populacional a um ambiente de conhecimento antes limitado a privilegiados que com meios de investimento em boas escolas e universidade. É errado dizer que o investimento em boas instituições hoje é desperdício, levanto a questão de que para os não privilegiados ocorre uma maior facilidade para incorporação no meio acadêmico e de conhecimento geral.
Falar de conhecimento e acesso a este de forma ilimitada também significa falar dos problemas que a globalização da internet causa nos indivíduos e na sociedade. Nota-se uma maior impessoalidade e grande queda da proximidade física entre as pessoas. A internet é um ambiente sem limites, um território teoricamente sem proprietário. Esta idéia gera muitas vezes a chamada desterritorialização do conhecimento, do virtual e real, dos limites de acesso ou de permanência no mundo WEB.
Conceituar território e a ausência dessa delimitação, geralmente é associar a limites estabelecidos em espaço e tempo, em geopolítica. Entretanto virtualmente as controvérsias ante a estes conceitos são muitas e constantes. Para simplificar a idéia da falta de territorialização virtual, sempre relacionada ao conhecimento, válido ou não, pela WEB, tomo emprestadas as palavras de Octavio Lanni, sociólogo brasileiro que disse: “Tudo se desterritorializa. Coisas, gente, e idéias, assim como palavras, gestos, sons e imagens. Tudo se desloca pelo espaço e atravessa a duração, revelando-se flutuante, itinerante, volante.”
Certamente a isso se resume estudar, utilizar e fazer conhecimento virtual, cybernetico, mutação, capacidade de adaptação associada ao fato de que internet e conhecimento talvez sejam mais parecidos do que se pensa, pois ambos são desprovidos de limites, não são lineares e geram mudanças sentidas, a longo ou médio prazo, tanto por aqueles que se adaptam a sua existência ou aqueles que tentam viver se ela.
Por Thaysa Oliveira